Durante décadas, a creatina foi vista apenas como um suplemento usado para melhorar a performance em treinos de força. Mas novas descobertas científicas mostram que ela é muito mais do que isso. A creatina é, na verdade, uma peça central na regulação do metabolismo do corpo humano — com implicações que vão da energia muscular à saúde cerebral, passando pela termogénese e até pela prevenção de doenças metabólicas.
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O que é a creatina, afinal?
A creatina é uma molécula produzida naturalmente no corpo (especialmente no fígado e rins) e armazenada maioritariamente nos músculos. A sua principal função é ajudar na regeneração rápida de ATP — a “moeda energética” das células — durante esforços intensos e curtos, como sprints ou levantamento de pesos.
As 3 Fases da Descoberta Científica sobre a Creatina
O novo estudo de Yuhui Su apresenta uma visão em três dimensões da creatina, que mudou completamente o modo como os cientistas a entendem:
1. Transporte de Energia Intracelular
No início, pensava-se na creatina apenas como um tampão energético. Através do chamado “ciclo da fosfocreatina”, ela assegura energia instantânea aos músculos durante o esforço.
2. Eixo Metabólico Músculo-Gordura
Hoje, sabemos que a creatina também influencia a forma como o nosso corpo gere energia entre os músculos e o tecido adiposo. Em situações como frio ou sedentarismo, ajuda o corpo a gastar mais energia ao estimular a gordura castanha a produzir calor.
3. Regulação Sistémica do Metabolismo
Mais surpreendente ainda é o papel da creatina como um “interruptor metabólico” que comunica entre órgãos — cérebro, fígado, músculos e gordura. Isto significa que a creatina pode ajudar a regular o apetite, melhorar a sensibilidade à insulina e até ter efeitos positivos sobre a saúde mental.
Performance Desportiva: Mais do que Força
Se praticas musculação ou desporto, a creatina continua a ser um dos suplementos mais eficazes:
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- Aumenta a força e potência muscular.
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- Melhora a recuperação entre séries.
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- Potencia adaptações ao treino de alta intensidade.
Mas agora sabemos que o seu papel vai além do ginásio. A creatina promove a saúde mitocondrial (as “fábricas de energia” das células) e pode proteger contra a fadiga mental, o envelhecimento e até doenças como a diabetes tipo 2.
Termogénese e Gordura Castanha: O Papel da Creatina no Gasto Energético
Um dos achados mais inovadores deste estudo é a forma como a creatina estimula a termogénese – a produção de calor corporal – especialmente em gordura castanha. Ao ativar um mecanismo chamado ciclo fútil da creatina, o corpo consegue queimar energia em forma de calor de forma mais eficiente e com menos produção de radicais livres (menos stress oxidativo).
Cérebro e Creatina: Uma Relação Poderosa
Sabias que a creatina também tem impacto na função cerebral? Estudos mostram que ela:
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- Aumenta a resistência à fadiga mental.
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- Pode ajudar em casos de depressão e doenças neurodegenerativas.
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- Melhora o metabolismo cerebral, especialmente em situações de stress ou sono reduzido.
Futuro: A Creatina como Terapia Metabólica?
Com todos estes benefícios, a creatina pode vir a ser uma aliada no tratamento de:
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- Obesidade
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- Diabetes tipo 2
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- Síndromes metabólicas
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- Doenças neuromusculares
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- Fadiga crónica
Novos fármacos estão a ser desenvolvidos para atuar nos mecanismos da creatina dentro das células — incluindo os chamados “condensados de creatina”, estruturas moleculares que optimizam o uso de energia.
Conclusão
A creatina não é só para atletas. É um regulador chave do metabolismo humano e um potencial aliado na saúde a longo prazo. Seja para melhorar o rendimento no treino, apoiar a saúde cerebral ou ajudar na luta contra doenças metabólicas, a ciência está clara: a creatina merece um lugar de destaque na nossa abordagem ao bem-estar.
Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2212877825001358